Cidade esquecida ? Não.
Arrumadinha na gaveta das memórias para não perturbar o quotidiano vivido bem longe. Sempre que volto a percorrer os caminhos do liceu de anos e anos , são os tempos de menina que me habitam, de novo.
A familia , então bem grande porque as tias e os primos diariamente estavam em nossa casa ou nós em casa delas...hoje só uma prima continua por lá. As tias partiram na última mviagem e os primos foram plantando raízes noutros lugares .
Os amigos, os colegas de liceu, dos passeios, das confidências juvenis, das pequenas partidas nas aulas, jovens de então que habitam para sempre em memória minha . E também em memória deles, certamente, uma vez que todos, tantos anos depois, continuamos a responder ao apelo de um almoço de afectos. Alguns , bem queridos, já não almoçam connosco, nem recordam as peripécias em que todos fomos actores mas estão presentes ali nas mesas do restaurante donde se avista a cidade.
Nesses momentos, prefiro pensar que a ausência deles se deveu apenas e somente a afazeres pessoais e / ou profissionais.
Cidade esquecida? Não.
Cidade renovada, reconstruída em memórias , em avenidas e ruas, em praças e bairros , onde antigo e moderno se misturam numa urbanidade cada vez com mais gente de outros lugares.
Cidade esquecida? Não.
Cidade revivida , hoje , na Torre do Relógio, dominante na cidade, nas ruas estreitas do Bairro do Castelo e do Miradouro, no Jardim do Paço, testemunha dos passeios, de namoros juvenis, do preconceito contra os vizinhos espanhóis visível nas estátuas dos Filipes, em tamanho menor, no fundo da escadaria dos Reis.
Cidade de granito, dos bordados únicos, que são orgulho de quem os faz e ambicionados por quem nunca os aprendeu a fazer.
Cidade esquecida? Não.
Cidade minha, onde o ar tem cheiro e cor, onde deambulo com prazer,onde me sinto EU.
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