Na esplanada um murmúrio sussurrante dos poucos clientes sentados. O sol ainda se esconde por trás das nuvens . Palavras soltas aqui e ali mal deixam adivinhar temas de conversa... Também não é nada que me preocupe... Basta-me o sussurrar ...
Com o café e uma torrada de pão integral na mesa , olho em volta. O olhar perde-se no espaço e na serenidade das águas calmas azuis da lagoa.
Gosto de ver gente ... Gosto de ver o mar...
Gosto do movimento de vai vem de pessoas, do trânsito não caótico dos carros, enfim do movimento de vida comum dos dias comuns de gente comum.
Gosto de observar cores, imaginar estados de espírito, ouvir comentários soltos que, muitas vezes, são mais do que palavras atiradas no ar. São reflexos de angústias, de alegrias, de tristezas, de saudades e de sonhos...
Estar muito tempo sem ver gente é como estar quieta, a aguardar que o fim da estrada seja já ali e ninguém dê conta dos meus últimos passos.
Por outro lado, momentos a sós com os meus sonhos, com as minhas inquietações e medos são uma necessidade de que não prescindo . Contradições ? Talvez sim. Ou talvez não.
Para continuar ao longo da estrada, preciso de saber que a alguns passos dos pés já cansados há gente que corre, que sonha, que chora. Gente a quem posso dizer " bom dia" ou "boa tarde" ou simplesmente entabular uma conversa banal, falando de tudo e de nada, mais ou menos profundo,mais ou menos sólido , enfim do mundo que mudou e vai mudando, dos valores que se foram e voltarão ou não, dos tempos que foram e hão de vir...
Os pensamentos que me assaltam , quando no horizonte apenas vislumbro vazio e silêncio, assumem uma tragicidade ( não sei se a palavra existe ou se acabei de a inventar ...para mim, existe...) que me sobressalta e deixa em mim uma marca de angústia cinzenta, quase depressiva de que não gosto ...
Pelo contrário, quando vejo pessoas, mesmo que muito ao longe, sinto que a vida e a esperança ainda habitam na estrada que falta percorrer.
Crianças brincam na areia, à beira da lagoa . Casais passeiam no calçadão enquanto alguns jovens, não muitos, que o sol tarda em brilhar, conversam sentados. Vejo-os ao longe, vultos coloridos , sem feições nítidas à distância em que me encontro. Vultos que se movem, que possivelmente falam, que sonham, imagino, indiferentes aos meu olhar. Gente que vive e aproveita o sol, finalmente descoberto, nesta manhã de sábado de setembro.
2 comments:
Também gosto de ver gente e de ver o mar...aí dá saudades da minha velha Bahia.
Ahhhh também amo o Mar!
O cheiro...o barulho...ver as pessoas de um lado para o outro.Esta é a minha verdadeira meditação.
A confissão dos seus sentimentos a respeito do que visualizas,só digo uma coisa:Não deixe de acreditar! Seja o que for que venha entristecer e tirar a esperança,não permita.A Vida é simples,é linda,vislumbre-a!
=)
Beijinhos!
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