Vejamos... Nasci num dia 12, quinta-feira, do mês de Dezembro -12- há muitos anos atrás.
Segundo a minha mãe, foi numa quinta-feira que , em Castelo Branco, num longínquo mês de Junho de 1964, soube que entrará na Faculdade de Letras de Lisboa.
Foi igualmente num dia 12 de Março de 1970, quinta-feira, que a cerimônia ( termo bem pomposo para um registo notarial assinado em casa de uma amiga, acompanhado por um lanche servido pela pastelaria S. Carlos, no bairro do Rego ) do casamento teve lugar. Nem eu, nem o namorado tínhamos pensado em tal e muito menos naquela altura. Os nossos sonhos e projectos eram bem diferentes, mas .... Há sempre um mas que nos desvia dos sonhos.... a situação pouco confortável em que nós nos encontrávamos requeria uma decisão que tomámos, sem problemas e a data foi marcada, por ser a mais conveniente. O noivo ( lindo, não é?) estava no hospital militar, amputado, aguardando a ida para o hospital de Hamburgo, e por razões de foro psicológico, era conveniente que aguardasse a ida, fora do ambiente depressivo de jovens tolhidos e colhidos na guerra colonial. No hospital militar respirava-se sofrimento. Como sair do hospital e vivermos juntos sem que os pais, bem tradicionais nesses idos tempos, nos apoiassem sem quaisquer tipo de reserva? A solução parecia óbvia, legalizar a união que já mantínhamos. E o dia 12 foi escolhido assim como o dia da semana por ser mais conveniente em termos de logística e tratamentos médicos no hospital.
Foi um casamento bem simples, mas bonito e sobretudo cheio de afecto. Já lá vão 40 anos... Foi nesse dia, à noitinha, que o meu tio me disse... " parabéns! também nasceste numa quinta-feira, dia 12 ..."
Surpreendida, pois nunca tinha associado tal data e dia, confirmei a informação.
Recordo hoje e aqui, 40 anos depois desse dia, essas palavras. Continuamos juntos, temos vivido sonhos e viagens, temos ultrapassado barreiras e momentos bons e menos bons, e hoje, bem cedo, sem que a data tivesse sido mencionada, tomámos uma decisão que andávamos a adiar há algum tempo. Não fomos nós propriamente que a tomámos, foi antes a consequência de um conjunto de circunstâncias que se impôs... Ou aceitávamos ou nenhuma das mudanças que tínhamos pensado podiam ser feitas... E aceitámos. E , depois, no café, com a bica em frente, olhámos um para o outro e eu comentei... Já viste que é dia 12?... Rimos... Acreditamos que ainda é possível sonhar juntos...
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