A partida de Paco de Luzia arrastou-me para muitos anos antes. O som da guitarra que eu tanto ouvia e sempre me deixava encantada, hoje soou-me a a alerta e recordei as palavras amarguradas que o meu pai me dizia , nos últimos anos que esteve conosco... "Sabes, filha, quando vejo todos os rapazes da minha idade a irem-se embora, percebo que também estou quase a ir..." Eu bem o tentava libertar de tais pensamentos, embora o compreendesse e , afinal, também não desejava nada que tal momento chegasse. O meu pai amava a vida e sobretudo, tinha medo de morrer. Partiu numa noite de Março, no ano de 2002, sem que a dor o invadisse.
Hoje, manhã cedo, a notícia da partida de Paco tornou bem vivas as palavras tantas vezes ouvidas. Ontem, tinha sido Mário Coluna, o jogador do Benfica, pouco depois de Eusébio . Urbano Tavares Rodrigues, Bana, Nadir Afonso, Mandela, nomes de pessoas que deixaram marcas nos meus tempos de jovem e que me vieram à mente por uma razão ou outra. E o meu pai e a minha mãe e o meu cunhado ... Sem dúvida, o meu tempo de partir está se aproximando. E tanta terra que ficará por ver, e tanto livro que ficará por ler e tantas palavras que ficarão por escrever. E tantos sonhos por realizar.
A Vida é mesmo assim. Não há volta a dar.
2 comments:
Também fiquei triste com a morte do Paco.E isso me fez lembrar vovó que se foi em 2001...A morte é algo tão estranho,é uma arrancada cruel de algo que faz parte de nós.Meu pai foi embora recentemente e talvez por aproximar a data do seu niver me pego saudosa e não só isso...não penses que está perto da partida pois não sabemos quando virá,não há idade nem circunstância.O que devemos é ainda aproveitar o máximo o que nos resta com a maior qualidade possível.
Um beijo carinhoso querida.
Como sempre, palavras certas e lindas ... Um beijinho para si também...
Nela
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